In the ghetto

Cada vez que vou na cabelereira volto com a sensação de que passei o dia no gueto. vocês devem estar se perguntando porque me sinto assim, não é?

Bom, deixe me contextualizar: meu cabelo é alongado, mas sem nenhuma pretensão de parecer natural nem nada, é o bom e velho kanecalon colocado mesmo, ou melhor trançado. Por isso o salão não é um salão que faz corte, escova e afins, lá só se trança cabelo e ponto. E como minha mãe costuma chamar é o 'braço da África', embora esteja mais para o braço do gueto da África, já explico:

Já viram alguma vez a Regina Casé no Central da Periferia? Eu me sinto a própria naquele ambiente. Sente só a recepção:

- Renataaaaaaaaaaaaaaaaaaa, como cê tá linda nêga!Ondé que cê vai com esse óclão? [lembrado sempre que lá, no braço da África o tom é sempre mais alto que no resto do mundo, imaginem vozes bem altas] -Uai, vim aqui, olha o sol que tá! - Geeeeeeente, olha o óculos da nega! Deixa eu colocar pra vê se fica bom em mim tb![meu 'óclão' passa de mão em mão pelas trançadeiras]Essa nega é muito luxuosa mesmo, olha o vestidinho, e vc fica assim em casa por um acaso?Sabia que ela fala até inglês?Senta aí que já pego o seu cabelo nega!

E não para por aí, né? Porque eu passo no mínimo quatro horas por lá aprendendo novas expressões idiomáticas, ouvindo muito pagode, afinal elas são groupies de bandas de pagode e passam o dia todo armando 'altos esquema' pra 'colocar fulano no pente pra próxima pegada'

Sentiu só? E eu sou uma pária aqui na turma do gueto!

Acha?